Considerado um fato raro na medicina e inédito na história da saúde pública de Goiás, dois irmãos receberam transplantes de uma mesma doadora. Os procedimentos foram realizados na última sexta-feira (17), no Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG), em Goiânia.
Oriundos de Porangatu, no Norte de Goiás, os receptores são policiais militares e fazem parte de uma família de sete irmãos. O mais velho entre os pacientes, Aldemar Cavalcante, de 59 anos, estava na fila aguardando para realizar o transplante renal há quatro anos, desde que iniciou o tratamento com diálise.
Em decorrência de complicações causadas pela diabetes, ele acabou perdendo as funções renais. O irmão dele, Divino Cavalcante Barros, de 57 anos, também foi diagnosticado com a doença e, assim como o mais velho, perdeu as funções renais há cerca de um ano.
A notícia que transformaria a vida dos dois foi dada na quinta-feira (16), quando Aldemar veio a Goiânia para fazer um check-up cardíaco. No mesmo dia, ele recebeu um telefonema informando que o órgão havia chegado. Logo em seguida, ligou para o irmão para contar a notícia.
“Foi um choque total para nós dois. A gente fica meio paralisado na hora, porque temos pouco tempo de diálise em relação a outros que ficam anos na fila”, contou.
O médico cirurgião que integra uma das equipes do Serviço de Transplante Renal do HGG, Rodrigo Rosa, explica que, para que o procedimento ocorra, é necessário realizar exames específicos — tanto de compatibilidade sanguínea quanto dos chamados alelos.
“É como se fosse uma cicatriz que a gente carrega no nosso gene. Cada pessoa tem um par de alelos, e avaliamos, de forma populacional, se o organismo daquele receptor não vai desenvolver anticorpos que reajam contra doadores sem relação familiar direta com ele”, destacou.
Conforme dados da Central Estadual de Transplantes, 2.458 mil pessoas aguardam na fila de transplantes em Goiás atualmente. Do total, 686 esperam por transplantes renais, 12 por fígado, 3 por pâncreas e 2 por transplante simultâneo de pâncreas e rim.
A posição na fila de espera para doação de órgãos depende de diferentes fatores, como compatibilidade, idade, doenças associadas e grau de urgência — conforme avaliação da equipe médica e sempre com o conhecimento do receptor.
A regulamentação da fila é feita pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os órgãos doados são destinados a pacientes que aguardam na fila nacional única, controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes.


