Uma pesquisa realizada pelo Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais do Cerrado da Universidade Estadual de Goiás (Renac-UEG) apontou o risco de desaparecimento de plantas medicinais nativas do Cerrado até 2060, devido aos efeitos das mudanças climáticas. O estudo foi publicado na revista científica Biodiversity and Conservation (Springer Nature).
De acordo com o levantamento, os impactos podem reduzir em até 64% as áreas adequadas para o plantio dessas espécies, sobretudo para o pequi (Caryocar brasiliense), o barbatimão (Stryphnodendron adstringens) e o jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa).
Feito em parceria com o Instituto Federal de Goiás (IFG), a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade Federal de Goiás (UFG), o trabalho utilizou modelos de distribuição de espécies e diferentes cenários climáticos globais para projetar como o aumento das temperaturas e as mudanças nos regimes de chuvas podem afetar mais de 100 espécies de plantas medicinais do Cerrado.
O estudo ressalta que uma das consequências do agravamento dessas alterações seria a migração de espécies em direção à Amazônia. Esse movimento ocorreria devido ao processo de “savanização”, no qual áreas da Amazônia possuem potencial para se tornarem refúgios climáticos para plantas típicas do Cerrado.
Apesar de parecer benéfica, o biólogo Leonardo Almeida Guerra dos Santos, de 26 anos, reforça que o processo transformaria a floresta tropical, que é úmida e densa, em uma vegetação mais aberta e seca, semelhante a uma savana, como a do Cerrado.
“A ‘savanização’ é uma mudança profunda e indesejada no bioma amazônico, considerando-se as perspectivas de mudanças climáticas, e também no Cerrado, considerando-se a perspectiva das plantas medicinais e seu uso por populações humanas tradicionais”, explica o pesquisador.


