Dados divulgados pela Secretaria Municipal de Educação (SME) de Goiânia apontam que a capital registrou 30 casos de bullying nas escolas em 2025. O número corresponde até a última terça-feira (10).
Segundo a gerente de Inclusão, Diversidade e Cidadania da SME, Lianna Gusmão, o total pode ser maior devido à subnotificação, já que ainda há pouca compreensão social sobre o que caracteriza o bullying.
“As pessoas ainda têm muita dificuldade em descrever o que é bullying. Um tapa ou uma discussão isolada é registrado como violência física, mas quando vamos entender o contexto, muitas vezes se trata de bullying. Por outro lado, há situações classificadas como bullying que não são, como brincadeiras esporádicas ou falas isoladas”, explica.
As instituições de ensino utilizam a Ficha SIMAC, sistema criado em parceria entre o Ministério Público, Defensoria Pública, Conselho Tutelar, Secretaria Municipal de Saúde e SME para registrar qualquer violação de direitos.
Após o registro, a SME encaminha os casos automaticamente para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e para o Conselho Tutelar, responsáveis por adotar as medidas cabíveis. A pasta, por sua vez, atua na mediação de conflitos dentro das escolas.
De acordo com Lianna, a maior parte das ocorrências tem caráter psicológico e está associada a práticas discriminatórias.
“O bullying sempre tangencia questões de gênero e de raça. Afeta principalmente crianças que fogem dos padrões considerados ‘normais’ pela sociedade — alunos LGBTQIA+ e crianças negras. Esses são os dois perfis que mais aparecem”, pontua.
A gerente destaca ainda que as vítimas são encaminhadas pelo Conselho Tutelar para atendimento psicológico ou psiquiátrico na rede pública de saúde. Ela acrescenta que a Prefeitura de Goiânia mantém uma política de prevenção às violências, com palestras, formações, distribuição de cartilhas e ações conjuntas com a Guarda Municipal e forças de segurança.
“O bullying acontece, mas nem sempre é compreendido e identificado. Temos trabalhado para qualificar esse olhar, capacitar as equipes e fortalecer a proteção das crianças”, reforça.


